terça-feira, 8 de março de 2011

@liscapisca Meets The Television: Esquindô, Esquindô na TV!



Semaninha estranha na TV já que os canais ficam meio monotemáticos, né. Mas tudo bem, afinal de contas são só 5 dias por ano, ninguém vai morrer disso. E quem achar que pode morrer disso, tem sempre a opção de desligar a TV, fechar as janelas e ler um livro (se souber ler). Ou retirar-se para o meio do mato.
Convenhamos que o que salva esses desfiles de escola de samba é mesmo a transmissão da TV. Para quem está lá na passarela só a barulheira importa, mas duvido que alguém entenda o enredo e a forma como fantasias e alegorias o explicam em um grau que vá além do superficial (ah a escola tá contando diversas formas de amor, por isso tem o cupidinho ali. Mas quem é esse Eros da música?). Já assisti escola de samba desfilando. A única coisa que se consegue fazer é sentir o estrondo da bateria dentro do corpo (parece terremoto) e, vez ou outra, diante de uma fantasia ou um carro alegórico mais bem feito, deixar cair o queixo em admiração. Por isso é legal a TV Globo transmitindo e explicando tintim por tintim o enredo, com a letra do samba na tela, os nomes dos carros alegóricos e das alas. Ajuda também a pesquisa que eles fazem e as historinhas que eles contam. Mas, mesmo com todo o enxerto, a verdade é que depois de uns 25 minutos de uma escola, a gente já ta bocejando e pedindo que venha a próxima. Assistir a desfile de escola de samba na TV é uma prova de resistência. Para quem está sentado no sofá, eles são longos demais, o horário não contribui e o fato de que você não vai ficar batucando e requebrando na frente da TV só complica (nada contra se você é do tipo que faz isso, mas eu o olharia de forma suspeita). Para quem gosta de ver os resultados de um trabalho artístico que leva um ano para ficar pronto, é uma judiação.
Isso é para quem acompanha o eixo Rio-SP (e nós da Baixada Santista também somos “agraciados” com toda a “beleza”, o “luxo” e a “riqueza” das escolas da região, exibidas por emissoras locais); para quem prefere inteirar-se sobre o que acontece mais perto do Equador tem as transmissões dos trios elétricos de Salvador. Tive uma fase “Band Folia”, acompanhava shows e mais shows o dia inteiro. O bacana do Carnaval da Bahia é ver grandes artistas embalando um público imenso em espaço aberto. Mas depois de uns dois anos aquilo cai na mesmice, a menos que você tenha coragem de estar no meio (já tive muita vontade, hoje me faltaria cojones para enfrentar a suvaqueira). Os artistas são os mesmos, quando vem uma novidade geralmente é aquele cara da música que você não aguenta mais ouvir porque se deu overdose dela antes mesmo do Carnaval chegar. Eu gostava de ver o Carnaval de Ivete, mas como ela transformou seu trabalho em uma coisa de ano inteiro, quando chega essa época já não agüento mais vê-la/ouvi-la e ela quem acaba me fazendo mudar de canal. Quero ver novidades, coisas diferentes, música nova. Hoje desenterraram o baixinho do Terrasamba. Adorei vê-lo e ouvi-lo, adorava a banda quando estourou, mas eu só fui capaz de ficar feliz em vê-lo hoje porque ele faz o favor de se retirar fora do Carnaval (na verdade já havia mesmo alguns carnavais que eu não o via).
Enfim, é bom ter opções para o dia e a noite, e opções musicais variadas, porque samba enredo é muito legal mas depois do terceiro tem-se a impressão de estar ouvindo a mesma música há horas, só variando a letra. Porém, o melhor do Carnaval na TV não envolve música e só chega nas últimas horas da farra. O Gala Gay do Rio de Janeiro, com todo aquele circo que freta aviões e mais aviões europeus para vir se exibir aqui com pompa e circunstância (só pode ser para a família e as quengas do bairro que só faziam criticar verem que elas “venceram” na vida) é uma das coisas mais divertidas que há na TV. Tem coisa bem triste também, tipo aquela bichinha pão com ovo que insiste em aparecer na tela e por sua voz de Pato Donald no ar mesmo sem ter absolutamente nada a acrescentar. Mas eu fico pensando que a pessoa esperou 364 dias para ter aquele momento de glória, então deixemo-la ser feliz e aguardemos os novos achados. Essa delícia é transmitida pela Rede TV – mais tosqueira, impossível. Estou desde sexta-feira aguardando esse momento apoteótico. Aí sim, depois desses dias de festa em que todo mundo que gosta/aprecia/curte/aproveita/tolera Carnaval se permite ser feliz, a gente pode voltar à programação normal e viver 359 dias sem o encanto da única coisa que brasileiro sabe fazer melhor que todo mundo.

Bobagens sobre a TV em tempo real – sigam-me os bons: @liscapisca.

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