segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

@liscapisca Meets The Television! E as novelas????


Passione está chegando ao fim. Não vi um capítulo sequer, não gostei. \o/

Todos gostamos de histórias. Quem assiste a um filme ou lê um livro está atrás de uma. E novelas são apenas a evolução tecnológica do folhetim, uma história que era publicada em capítulos nos jornais. Então, dizer "não gosto de novela porque são bobocas" é raso. Ou você não gosta de histórias (e então pare AGORA de ver esses filmes aí que você se vangloria de ter visto) ou você não é bom de argumento. Eu fujo de novelas por motivos bem racionais. As novelas não são bobocas porque massificam o pensamento, ou seja lá qual for o motivinho que você escolha que o faça parecer muito intelectual. Elas são bobocas por causa do formato.

Novelas escravizam seu público. Tenho dó de quem monta o cronograma em função "da minha novela". Só vou sair depois da minha novela. Não vou ver esse filme legal porque é na hora da minha novela. Me liga só depois das 10, porque... (já ouvi tudo isso). Pior é quem te visita e manda pôr lá na Globo porque "vai começar a minha novela". Esse circo dura 6 dias por semana durante quase um ano. E tem 3 novelas no ar num único canal. Haja tempo perdido.

Há quem diga que "se você perder uma semana da novela, na semana seguinte está tudo igual". Então não presta. Você não pode simplesmente saltar uma página de um bom livro e continuar lendo na próxima, então porque uma novela seria boa se você pode ter esses lapsos no meio? Além disso, um noveleiro que perde um capítulo depois fica perguntando para seus chegados "o que foi que aconteceu com o Fulano ontem, hein?". E se perguntar para mim, vou fundir a cuca para lembrar quem é o Fulano e poder falar da vida dele. Outra coisa vergonhosa que a novela provoca no seu público: o povo começa a discutir os rumos de uma personagem como quem discute a vida do vizinho (coisa que não é bonita de se fazer, vale lembrar).

Uma novela tem 510 Fulanos, alguns deles sequer se cruzam durante a trama. E há os que nem têm função, só aparecem para dizer que "lá na vila, tá todo mundo chocado com o que você fez!", e desaparecem, deixando a personagem pensativa. O irrelevante. Depois, cada personagem tem uma história. Esse excesso dilui a trama. Veja bem, tem o cara que ninguém sabe que morreu. O que fingiu que morreu. O casal cujas famílias se odeiam. O adolescente que não sabe que não é filho do pai e se revolta quando descobre. A mulher que não sabe se quer o marido ou o cunhado. O vilãozinho canastrão que quer destruir tudo que vir pela frente. A boazinha que toma na lomba o tempo todo. O engraçadão do bairro. O azaradinho. O bonzinho que ninguém quer. O cafajeste que todas querem. O gay. Se você cria uma história com cinco Fulanos e insere nesse núcleo todos os clichês citados (e mais alguns), terá personagens muito mais interessantes. O cafajeste que todas querem não quer ninguém porque descobriu que não é filho daquele pai – que é gay –, cuja esposa sai com o cunhado, e por isso quer que o mundo se exploda. Não contente em ser cafajeste, é um canastrão daqueles que querem destruir todo mundo que aparece na sua frente. Agora sim temos uma história boa de se acompanhar, especialmente se ele se apaixonar pela boazinha azaradinha que vem da família que não se bica com a dele. Só que pouca gente não sustenta 8 meses de uma hora diária. E oito meses da mesma lenga-lenga é muito chato.

Em uma minissérie, os conflitos se desenvolvem com muita rapidez, por isso é um formato muito mais interessante. Quando baseada em fatos reais, fica mais interessante ainda. Larissa Maciel fazendo Maísa (perfeita) dava a impressão de que se estavam assistindo imagens de um reality show gravado muitos anos atrás. Baseada em um livro, como A Casa das Sete Mulheres, a minissérie traz vida a personagens e paisagens que você havia criado com a imaginação. E, às vezes, descobrem-se nuances não notadas na leitura (um trejeito, um item do vestuário). O fato da minissérie ser curta faz com que você desapegue do personagem mais rapidamente. Alguém que convive com você durante meses não parte assim, como se não tivesse acontecido nada entre vocês. Resultado: Glória Pires pode ser a excelente atriz que for, para mim ela vai ser sempre Maria-de-Fátima, de Vale Tudo. Fui tentar ver "E se eu fosse você" e só via Maria-de-Fátima. Desisti. Assim como Marcos Frota vai morrer sendo Tonho-da-Lua. E o Lima Duarte, Sinhôzinho-Malta; e a Regina Duarte vai ser sempre a Rainha-da-Sucata (que tinha uma filha, a Maria de Fátima, primeiro momento em que percebi o fenômeno). Uma personagem marcante que passa quase 300 dias na tua tv não vai embora. Com as personagens de minisséries não há tempo disso ocorrer. A Mel Lisboa que vejo em Sansão e Dalila é Dalila, não é a Anita, pois essa não teve tempo de se fixar na minha mente, por mais marcante que fosse. Mas se Presença de Anita tivesse ficado 6 meses no ar, agora eu não conseguiria abstrair e curtir o papel que ela está fazendo.

As séries americanas também têm um formato interessante (embora se alonguem por anos), porque elas só prendem você diante da TV uma vez por semana. E mesmo que se perca um episódio, não se fica tão perdido, já que mesmo quando há uma trama de fundo, cada episódio gira em torno de um evento independente e aquela trama será mencionada mais cedo ou mais tarde. Taí uma maneira de buscar diversão vazia sem se tornar escravo da TV. A não ser que você queira assistir a cada-uma-delas (tem umas trocentas séries dramáticas diferentes no ar, entre novas e reprisadas). Nesse caso, aconselho a ver uma novela qualquer da Globo porque vai dar na mesma.

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