Pare o que você estiver fazendo e assista o que vem abaixo. Depois eu dou meu parecer.
Você já deve ter ouvido falar no Latininho. No sushi erótico. Dois quadros bizarros exibidos no Domingão do Faustão muitos e muitos anos atrás. Já deve também ter ouvido falar das crianças com problemas esquisitos que o Ratinho mostrava em seu programa. Essas coisas sumiram da TV, e aí eu já pensava “bom, agora nada mais vai me surpreender, né”. Mas chegou o fatídico 14 de dezembro de 2010, dia em que essa pérola de programa acima foi ao ar.
O humor involuntário esteve presente todo o tempo. Luciana Gimenez, grávida linda, fantasiada de viúva alegre num longo preto. Na cabeça, portava um urubu empalhado. O ufólogo/pesquisador convidado para falar sobre um ET tem um nome cujas iniciais são U.F.O.. Um cover do Alfinete do Pânico realizou a matéria. Em um vídeo de péssima qualidade, o ET diz ter muitos produtos que interessam a nós, humanos. Quando o programa terminou eu desconfiava que esses produtos eram drogas muito mais pesadas do que todas que existem na Terra e que algumas pessoas que participaram do programa e o produziram já a haviam consumido (quem sugeriu à Luciana pôr o urubu na cabeça foi uma delas).
La Gimenez ficou tão desbaratinada que falou inglês, português, francês, e até um SHOOSH soltou durante o programa. Pudera. Os debatedores, todos céticos, ironizaram por todo o tempo. Um deles, uma atriz, não fez nem o favor de pentear o cabelo para aparecer na TV. Os alienígenas têm nomes de personagens de Walt Disney, tipo Huguinho, Zezinho e Luizinho. Mas os militares citados pelo “pesquisador” como conhecedores da situação têm nomes de ianque, todos eles. Segundo o ufólogo, Bilu, o ET de voz infantil e português perfeito, passeia por aí: já esteve em outras cidades do país e na França. Achou por bem dar as caras para a TV brasileira. Não saca nada de marketing, o negócio é CNN, seu Bilu.
Há um momento iluminado em que Luciana Gimenez pergunta ao pesquisador “qual foi a primeira vez em que o Bilu apareceu na sua vida?”. Quem mudou para a Rede TV naquele exato momento pode ter achado que se tratava de confissões de um homossexual. Contrariado ou questionado, o ufólogo demonstrava sempre grande irritação e/ou indignação, típicas dos que não têm como contra-argumentar.
A mensagem de Bilu é de esperança: ele teria algo a compartilhar conosco que só nos faria bem. Mas estando entre os terráqueos há mais de 4.000 anos, por que ele teria resolvido dividir sua informação só agora? Seria pela proximidade com 2012? E por que ele se comunica com voz e entonação de narrador de história da Série Disquinho? E por que em português, se ele fala todas as línguas e, em inglês, sua mensagem seria entendida por infinitamente mais gente no mundo inteiro?
A gente quer acreditar em tudo que venha de outro planeta (até porque eu acredito piamente nessa história de 2% da população ser composta de ETs que convivem conosco, ela faz sentido porque explica muita coisa), mas do jeito como esse programa abordou o tema, não dá nem para ter a boa vontade de dar o benefício da dúvida. Uma coisa é tratar determinados temas com leveza, outra coisa é por no ar um freak show (e, como se não bastasse, esse urubu na cabeça da Gimenez vai aterrorizar minhas noites pelo resto da vida). Se o cara se presta a ser escada para esse stand up comedy, eu entendo que nem ele está levando seu próprio trabalho a sério.
Herbert de Souza disse que se encontrar o Bilu, vai sair na mão. Estou ansiosa por esse episódio.
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