terça-feira, 10 de maio de 2011

@liscapisca Meets The Television! Criatividade (ou a falta dela) na TV Brasileira



Hoje, dia 10/05, noticiou-se o falecimento da Lacraia (aquela da Éguinha Pocotó), e diante de tal notícia vou fazer aqui uma profecia: na pauta de todos os programas de auditório do próximo domingo, dia 15, haverá algum momento de homenagem à vitaminadíssima musa-mor do funk (vitaminada sim, porque chacoalhar daquele jeito magrinha como era só com alguma vitamina especial no organismo).

Mas, na verdade, profetizar os programas de auditório de domingo (em particular os exibidos pela Rede Record e pelo SBT) tornou-se tarefa fácil. É só ficar de olho na internet. Nos vídeos do YouTube, mais especificamente. No último domingo, estava lá na TV o vídeo do menino com a formiguinha. Eu soube que esse vídeo iria para a TV quando, depois de aparecer no meu Facebook compartilhado/comentado por mais de 10 pessoas diferentes e sem relação nenhuma umas com as outras, o vi compartilhado por Celso Portiolli no Twitter. Eu seria capaz de reproduzir a imagem da equipe de produção trabalhando: “Acharam vídeo novo com crianças fofinhas rodando de graça por aí? Estamos de olho”. Ok, o vídeo é uma gracinha? É. Igual ao dos irmãozinhos gêmeos conversando numa língua toda sua, que apareceu umas 10 vezes na mesma semana em diferentes canais, até na MTV (oi?). Mas o Adnet ao Vivo (MTV) é um programa que trata, entre outras coisas, do que está acontecendo na internet, então nada mais natural do que mostrar em sua atração aquilo que repercutiu a semana inteira na rede. E ele passou um trechinho do vídeo, fez seus comentários e assunto encerrado. Já no domingo vi o mesmo vídeo (inteiro) umas 3 vezes, e não sendo suficiente, um programa de variedades (baseado em vídeos diversos) da Band também o exibiu. Sempre com comentários e/ou narração (desnecessários) de uma locutora chatinha.

Falta criatividade? E não é em um só programa. Quando você vê que atrações diferentes de uma mesma emissora no ar no mesmo dia têm cada uma delas o seu quadro de “vídeos mais comentados/bacanas/vistos (insira aqui sua palavra favorita) da semana”, é sinal de que algo está errado por aí. Estudar para trabalhar em TV nunca esteve nos meus planos, pois eu me questionava se teria suficiente criatividade para pôr coisas novas no ar obedecendo a prazos (semanais ou diários, dependendo do programa). Em tempos de reality show (que, em teoria, não requer roteiro) e de melhores vídeos da semana, parece-me que essa é uma preocupação que não precisa existir na maioria das cabeças produtoras da TV.

E não vou nem falar no Programa Pânico, que começou como uma grande irreverência (quebrando o “mais do mesmo” dos programas de humor) e se transformou em uma coletânea de sacanagens entre colegas (numa sensacional demonstração de “muito mais de mim mesmo”).

Veja só, ainda é terça-feira e minha profecia já começou a se concretizar: está lá a Sônia Abrão, no primeiro minuto de programa, anunciando a homenagem à queridíssima Lacraia (no irony intended, eu gostava mesmo da menina). A TV me transformou em uma vidente de mão cheia, pena que eu ainda não consiga adivinhar os números que Luigi Barrichelli lê na Globo naquele programa anual (Mega-Sena da Virada).

Bobagens sobre a TV em tempo real – sigam-me os bons: @liscapisca.

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